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Mental Health Summit destaca a importância da segurança psicológica no trabalho

Nos dias 26 e 27 de janeiro, ocorreu o Mental Health Summit – Saúde Mental e o Futuro do Trabalho, em São Paulo, realizado pela Vittude. Na quarta edição, o evento reuniu equipes de RH, saúde, gestão, psicólogos, empreendedores e CEOs que se preocupam em desenvolver times mais produtivos, inovadores e felizes.

Durante o encontro, falou-se sobre como a segurança psicológica nas empresas se tornou ainda mais evidente e necessária após a pandemia da Covid-19. A psicóloga Juliana Riscala explicou que a sociedade já vinha em um processo de adoecimento e, com a eclosão da pandemia, as pessoas “se permitiram” sofrer, já que ninguém estava bem emocionalmente.

Executivos de diferentes segmentos e psicólogos discutiram, sob diversos aspectos, o estado atual da saúde mental de colaboradores, as principais dificuldades a serem vencidas, como as empresas podem enxergar valor neste cuidado, além de prevenir problemas e também ajudar no processo de cura.

Pontos de atenção que contrariam a segurança psicológica

Cofundador e Head de People Success da Pulses, Renato Navas, diz que normalizou-se estar “mais ou menos bem”.  Ele trouxe informações importantes sobre problemas que a maior parte dos colaboradores enfrenta. Veja as principais dores relatadas:

  • Sono irregular – acorda no meio da noite e tem dificuldade para dormir;
  • Preocupação – não consegue controlar as prórprias preocupações;
  • “Branco” – esquece o que vai falar;
  • Perspectiva sobre o futuro – pensa no futuro de forma negativa.

Navas também mostrou os sentimentos/ problemas mais comuns relacionados à exaustão emocional entre colaboradores. Veja quais são:

  • Esgotamento – se sente esgotado no fim do dia;
  • Valor – sente que precisa provar seu valor constantemente no trabalho;
  • Disposição – acorda sem disposição para trabalhar;
  • Trabalho – trabalha mais do que pode;
  • Frustração – está frustrado com o trabalho.

São aspectos sintomáticos que não significam, necessariamente, doença mental, mas são um alerta. Como as empresas estão lidando ou se preparando para lidar com estes assuntos, visto que geram impacto nas pessoas?

Segurança psicológica e alta performance

Consultor de psicologia da Vittude Luckas Reis apontou, em sua sessão sobre segurança psicológica nas organizações, alguns caminhos, inclusive mostrou como este fator está relacionado à alta performance dos times. “É necessário lidar com os nossos medos. Se a pessoa não consegue ou tem receio de falar, ela não consegue trabalhar e acaba adoecendo”, afirma.

Em ambientes psicologicamente seguros, há uma redução de 27% em turn-over, 40% em incidentes de segurança e um aumento de 12% na produtividade de acordo com pesquisas da Gallup. Mas o que, de fato, é segurança psicológica? Trata-se de uma característica relacional, e não uma competência individual, que envolve cultura aberta ao risco  – não ter medo de errar, considerando as devidas proporções – e viabializa a resolução de conflitos, além de prevenir sofrimento psíquico.

Como desenvolver segurança psicológica? Luckas aponta que é necessário trabalhar os pilares de pertencimento, suporte, equidade, autonomia e saúde mental dentro das relações institucionais, com a liderança e entre os colaboradores. Para que isto ocorra, exige um esforço conjunto a partir de ações de sensibilização, desenvolvimento de habilidades interpessoais e intervenções psicodinâmicas. 

Segundo Luckas, quase nunca habitamos ambientes psicologicamente seguros e o assunto ainda é visto de forma superficial na maioria das empresas. Vale ressaltar que estabelecer esta condição não é um desafio exclusivo do mundo corporativo. Pode ser aplicado ao núcleo familiar, por exemplo.

Segurança psicológica depende de saúde mental corporativa

O Grupo Boticário é uma das  grandes empresas brasileiras que está inovando em saúde mental corporativa. Com presença em 16 países, mais de 12 mil colaboradores e 298 mil empregos indiretos, o grupo tem o seguinte propósito: “criar oportunidade para a beleza transformar a vida de cada um e assim transformar o mundo ao redor.”

Transformar também significa mudar o desfecho de saúde das pessoas e influenciar a construção de relações sustentáveis no contexto do trabalho. Suelen Morais, gerente de saúde integral, mostrou que a saúde mental é trabalhada, internamente, em três pilares:

  • Indíviduo   experiência de vida, relacionamento, carreira, rede de apoio e contexto familiar: zelando pelo cuidado com a pessoa;
  • Relações – rituais de área, diversidade, relacionamento com a liderança e segurança psicológica: atuação conjunta com business partners e líderes nos temas relacionados à saúde mental, co-construindo soluções;
  • Sistema – performance, módeulo de trabalho, meritocracia e ferramentas: provocando reflexões nos modelos de gestão da organização e ampliando a consciência do impacto da saúde mental nos resultados do negócio.

A atuação não é somente reativa, agem preventivamente para evitar problemas de saúde mental. “É preciso expandir a visão de Employee Experience também para a jornada do cuidado”, afirma.

A empresa também conta com health partners para ter proximidade e olhar atento para possíveis causas que possam impactar as pessoas. Existem indicadores e metrificações para avaliar como está sendo esta jornada. Suelen explica algo que a maioria dos gestores ainda não entendeu. “Não vamos ter os melhores resultados no negócio se não olharmos para a saúde dos indivíduos.”

Durante o evento, também foi discutido como enxergar valor neste tipo de abordagem. Para quem está nesta trilha de convencimento junto aos tomadores de decisão, saiba que existem três assuntos cruciais a serem analisados: pesquisa de clima, número de sinistralidade de plano de saúde e processos trabalhistas. Dados podem mudar a realidade das organizações. Ao considerar estes fatores, há quem diga que fica difícil não assinar o cheque.

Fonte: Saúde Business