Há dois anos o setor de saúde puxa o ranking de fusões e aquisições e reúne as maiores operações de compra de empresas no Brasil. Do início de 2021 até março deste ano, foram cerca de 150 operações, que movimentaram mais de R$ 20 bilhões. Duas das maiores transações se concretizaram nesse período: a fusão, por meio de troca de ações, entre as operadoras de planos de saúde Hapvida e a NotreDame Intermédica – um negócio que cria uma empresa com valor de mercado de mais de R$ 80 bilhões –, e a compra da seguradora SulAmérica pela operadora de hospitais Rede D’or, um acordo de mais de R$ 10 bilhões.
O setor é um dos mais importantes hoje na Bolsa de Valores brasileira que reúne mais de 20 empresas de saúde listadas e diversos BDRs (recibos de empresas negociadas no exterior), entre os quais se destacam: Baumer, Blau, Dasa, Fleury, Alliar, Hapvida, Hypera, Johnson & Johnson, Astrazeneca, Kora, Mater Dei, NotreDame, Odontoprev, Oncoclínicas, PagueMenos, Pfizer, Qualicorp, Raia Drogasil e Rede D’Or.
De 2020 e 2022 o setor atingiu o pico em termos de visibilidade por causa da pandemia de Covid-19 atraindo mais investidores. “Diversificar sua carteira de ações com empresas de mais de um setor é uma ótima estratégia de proteger seus investimentos contra a volatilidade da Renda Variável , além de aumentar seu potencial de ganhos”, aconselhou a Toro investimentos em publicação recente em seu blog.
Alguns IPOs na área são muito recentes (menos de 5 anos), como os casos de Mater Dei, Rede D’Or, Kora Saúde, NotreDame, Pague Menos e Oncoclínicas. Ou seja, há muito espaço para a abertura de capital de outras companhias dessa área bem como há investidores interessados nos papéis para incorporá-los seus portfólios de investimento, citou a Toro em seu blog.
A receita dos planos de saúde cresceu, em 2021, R$ 10 bilhões em relação a 2020, R$ 239,9 bilhões contra R$ 229,9 bilhões, um acréscimo de quase dois milhões de consumidores. São 49,4 milhões de brasileiros com um plano de saúde, segundo o último dado disponível, referente a abril de 2022, divulgado pela ANS.
Agência reguladora
O setor é regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), autarquia vinculada ao Ministério da Saúde. Nos próximos dias, a ANS estará definindo sua Agenda Regulatória 2023-2025. No dia 19 de setembro, a ANS inicia uma Tomada Pública de Subsídios (TPS) com o objetivo de obter contribuições e sugestões da sociedade para a definição da sua Qualquer pessoa interessada poderá colaborar por meio de formulário eletrônico que estará disponível no portal da ANS (https://www.gov.br/ans/pt-br) até 11 de outubro. Esta será a quinta Agenda Regulatória implementada pela ANS, que foi fundada no ano 2000.
A ANS diz que a agenda é um instrumento de planejamento regulatório que orienta a atuação da Agência e estabelece os assuntos prioritários a serem tratados pela instituição em determinado período. Seu propósito é criar um cronograma para análise dos temas relacionados às problemáticas da regulação em saúde suplementar em determinado período, de forma a garantir maior transparência e previsibilidade na atuação regulatória, possibilitando à sociedade o acompanhamento dos compromissos preestabelecidos pelo órgão regulador.
A Tomada Pública de Subsídios é um mecanismo de consulta aberto ao público para coletar dados, informações ou evidências sobre um documento. As contribuições serão coletadas em formulário eletrônico que estará disponível no portal da ANS a partir de 19/09. A Agenda Regulatória 2023 – 2025 está dividida em três seções:
Temas Regulatórios: são os temas para os quais a ANS pretende realizar Análise de Impacto Regulatório (AIR) durante o período de vigência da Agenda. A AIR consiste em um processo sistemático de análise baseado em evidências, que busca avaliar, a partir da definição de um problema regulatório, os possíveis impactos das ações para o alcance dos objetivos pretendidos. O objetivo é orientar e subsidiar a tomada de decisão. É importante destacar que não há obrigatoriedade de que todos os temas contidos na Agenda Regulatória sejam finalizados, durante a sua vigência, com a publicação de ato normativo.
Agenda de Avaliação de Resultado Regulatório (ARR): trata-se de um conjunto de avaliações de resultado regulatório (ARRs) que a Agência pretende realizar durante o período de vigência da Agenda. A ARR consiste na verificação dos efeitos decorrentes da edição de ato normativo, considerando o alcance dos objetivos originalmente pretendidos e os demais impactos observados sobre o mercado e a sociedade, em decorrência de sua implementação.
Desenvolvimento de estudos preliminares: nesta seção, a Agência apresenta assuntos que serão estudados durante o período de vigência da Agenda. Embora ainda não tenham maturidade para a elaboração de AIR, a ANS se propõe a aprofundar a temática e conceder transparência de seus resultados.
“A Agenda Regulatória 2023-2025 proposta pela ANS tem como foco ações e esforços que garantam a sustentabilidade do setor. Os interessados em contribuir, poderão escolher os temas já definidos para fazer comentários ou mesmo sugerir um novo assunto para ser incluído”, ressalta o diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello.
Fonte: Monitor Mercantil