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Interrupção do uso de antidepressivo: como diferenciar recaída ou recorrência de síndrome de retirada?

Cada vez mais vem sendo reconhecido que sintomas de retirada após interrupção de antidepressivo são comuns e podem ocorrer a longo prazo, mantendo-se até meses após a descontinuação, além da possibilidade de ocorrência de sintomatologia grave. Um exemplo foi a atualização em 2019 pelo Royal College of Psychiatrists e National Institute for Health and Care Excellence (NICE) de recomendações a profissionais alertando para tal fato. Os sintomas de retirada após a suspensão do antidepressivo parecem ser mais comuns com uso de doses elevadas, uso crônico ou em classes específicas como os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (como a Venlafaxina).

Nesse contexto, é essencial diferenciar a síndrome de retirada da recaída ou recorrência já que a sintomatologia mental pode ser semelhante, como: piora do humor, irritabilidade, agitação e ansiedade. Considerando esse novo entendimento destaca-se a importância de traçar recomendações para adequada identificação dos dois fenômenos na prática clínica.

síndrome de retirada

Como diferenciar na prática clínica?

Sintomas de retirada podem ser identificados através das seguintes características:

  • Início dos sintomas mais frequentemente ocorre nos primeiros dias da redução do antidepressivo
  • Em caso de ocorrência de sintomatologia tende a existir melhora rápida (em dias) após reintrodução do antidepressivo
  • Mais comumente os sintomas mentais associam-se a sintomas físicos como: náusea, tontura ou sensações de choques no corpo (do termo em inglês “zaps”).
  • Possuem um padrão em forma de onda com tendência a atingir um pico após algumas semanas e em seguida diminuírem a intensidade gradativamente

Por outro lado, a recaída ou recorrência tende a ter um padrão mais constante de intensidade dos sintomas, iniciar com mais tempo após interrupção da medicação (semanas) e não possuir sintomas físicos associados.

Como minimizar os sintomas de retirada?

Não há consenso até o momento da melhor forma de realizar a redução dos antidepressivos. Tal fato é verdadeiro especialmente por estudos anteriores utilizarem reduções muito abruptas, de porcentagens grandes das drogas e desconsiderarem que há uma sobreposição dos sintomas entre os fenômenos.

Dessa forma, sugere-se redução de porcentagens pequenas da droga a cada duas a quatro semanas após a melhora completa dos sintomas de retirada. Destaca-se que antidepressivos com meia vida mais longa, como a fluoxetina, podem requerer mais tempo para estabilização da dose.

É importante destacar que há inúmeras limitações no campo e novos estudos serão necessários para abarcar essa mudança recente de entendimento acerca da síndrome de retirada. As sugestões acima também devem ser consideradas à luz das limitações no campo.

Fonte: Peb Med