Especialista esclarece como é feita a cirurgia para colocação do dispositivo e como funciona cada tipo.
A disfunção erétil é uma condição bastante comum, que pode ter causas físicas e psicológicas e prejudicar muito a autoestima e a saúde emocional de pacientes. Existem algumas opções de tratamento para o problema, e uma delas é a prótese peniana, um procedimento cirúrgico definitivo que normalmente é indicado quando outras formas de tratamento falharam.
Segundo o dr. Marco Túlio Cavalcanti, urologista e andrologista, a prótese pode ser uma opção para pessoas com disfunção erétil que não tiveram resultados com medicamentos orais; têm doença de Peyronie (fibrose e deformidade peniana) e têm muita dificuldade para penetração; buscam um tratamento definitivo e não desejam ficar dependentes de injeções penianas ou medicamentos vasodilatadores em altas doses; ou tiveram efeitos colaterais graves com o uso de medicamentos para ereção.
Quanto à idade dos pacientes, não há restrições específicas. “Não existe uma idade mínima ou máxima, mas é necessária uma avaliação criteriosa de cada de cada paciente. Alguns poucos podem ter indicação para uma prótese peniana antes dos 30 anos e outros que só vão precisar do implante após os 80 anos”, destaca o médico.
Tipos de prótese
Existem três tipos de próteses penianas: a inflável, a maleável ou semirrígida (mais comum no Brasil) e a articulável (pouco utilizada). O especialista detalha o funcionamento de cada uma:
- Prótese inflável: Tem três peças: um reservatório, preenchido com soro fisiológico; um pump, a famosa bombinha, localizada no saco escrotal; e os cilindros, que são duas hastes implantadas na parte cavernosa do pênis. Quando a pessoa deseja ter relação sexual, basta realizar o estímulo no pump. O uso é simples e o dispositivo é discreto, de forma que muitas vezes nem chega a ser notado pela parceira ou parceiro. A prótese inflável permite um aspecto natural do pênis, com boa ereção e rigidez.
- Prótese maleável ou semirrígida: Não conta com o sistema de insuflar e desinsuflar, ou seja, o pênis permanece sempre rígido. Por isso, é preciso ter cuidado para que o órgão não fique muito evidente no dia a dia. Na hora da relação, o pênis já estará rígido e pronto para a penetração, mas também pode haver alguma ereção residual do próprio paciente. Este tipo é mais indicado para pacientes idosos ou com limitação do uso das mãos para acionar o pump (como acontece na inflável). A prótese maleável é muito usada no Brasil por ter um custo mais baixo do que a inflável.
- Prótese articulável: Possui uma estrutura que permite ao paciente dobrá-la, mas está caindo em desuso porque a própria estrutura do dispositivo prejudica a rigidez.
A durabilidade das próteses pode variar de acordo com o fabricante. “No geral, se não houver falhas do dispositivo, infecções ou rejeição do organismo, as próteses infláveis podem durar entre 10 e 15 anos, e as maleáveis por tempo indeterminado”, diz o médico.
Cirurgia para colocação da prótese
O procedimento para a inserção da prótese peniana é cirúrgico e dura entre 50 minutos a 1 hora e meia. Ele é feito com raquianestesia e sedação ou anestesia geral. “Uma incisão na transição do pênis e o escroto (entre o pênis e o saco escrotal) é feita e os dispositivos mencionados são introduzidos. Após a cirurgia, uma sonda é introduzida no canal da urina, e um dreno de Blake, dispositivo que realiza a drenagem de fluídos e evita hematomas, fica dentro do escroto. A alta médica pode ocorrer em 12 a 24 horas, mas o dreno é mantido por até 48 horas”, explica o especialista.
O médico pode receitar medicamentos para auxiliar no processo de recuperação. O paciente pode retomar atividades leves depois de uma semana e as demais atividades após três semanas. Segundo o urologista, a prática de relações sexuais normalmente é liberada entre 40 e 50 dias, depois do devido repouso de treino para uso da prótese.
Vale lembrar que a colocação da prótese não interfere no prazer e nem na ejaculação. “Os nervos dorsais e plexo simpático, responsáveis pela sensibilidade e ejaculação, não são comprometidos com a cirurgia, portanto, ejaculação e orgasmo acontecem normalmente.”
Contraindicações
Primeiramente, o médico destaca que é importante esclarecer o candidato ao implante de prótese peniana que se trata de uma cirurgia e que existem riscos gerais e específicos relacionados ao procedimento.
Além disso, é necessária uma avaliação completa antes do procedimento. O dr. Marco Túlio explica que as próteses são contraindicadas no caso de pacientes com infecções urogenitais (deve-se tratar qualquer infecção antes de realizar o implante), pacientes com causas reversíveis de disfunção erétil, com expectativas irreais sobre o procedimento ou que desejam realizar o implante por finalidade estética. “A prótese peniana não é um procedimento estético e sim funcional”, ressalta ele. Por esse motivo, inclusive, o tratamento está disponível no SUS, além do sistema privado.