Apesar da ortoceratologia já ter se mostrado uma técnica segura, sabemos que no uso de lentes de contato existe o risco de eventos adversos.
A miopia se tornou uma questão global, com estudos sugerindo que em torno de 50% da população mundial terá miopia em 2050 e mais de 10% terá alta miopia. A alta miopia pode causar alterações patológicas como glaucoma, descolamento de retina, degeneração macular miópica, levando a baixa visão.
A ortoceratologia é um tratamento com lentes rígidas gás-permeáveis com um desenho especial, que remodelam a córnea para temporariamente reduzir ou eliminar a miopia. Como a ortoceratologia comprovadamente reduz a progressão da miopia em crianças e tem como outra vantagem melhorar a visão sem correção durante o dia, existe um número crescente de pessoas utilizando essa técnica no mundo.
Apesar da ortoceratologia já ter se mostrado uma técnica segura, sabemos que no uso de lentes de contato existe o risco de eventos adversos como a ceratite microbiana, que poderia causar baixa visão. Não aderir aos procedimentos de uso corretos já foi demonstrado que é o maior fator de risco para complicações associadas ao uso de lentes de contato. Cho P et al. encontraram que o maior nível de compliance no uso da ortok, soluções de limpeza e acessórios das lentes foi de 52,54 e 33% respectivamente.
Um trabalho publicado esse ano na BMC Ophthalmology usou um questionário para avaliar o compliance dos pacientes submetidos a ortoceratologia. Foram avaliados 238 respostas. A idade variou de 7 a 25 anos e 97.5% era menor de 18 anos. 96.6% dos pacientes acreditava estar seguindo corretamente as recomendações de uso mas apenas 19.7% estava seguindo de fato corretamente. Não houve correlação entre compliance e idade ou sexo. Houve correlação entre compliance e experiência do usuário. Foram separados dois grupos: um em uso há menos de um ano e outro em uso há mais de um ano. O compliance nos usuários há menos de um ano foi maior do que nos veteranos. No grupo usando há menos de um ano os principais erros foram não trocar a caixinha no tempo correto (55.8%), permitir exposição da lente a soluções não estéreis (67.3%), não remover os depósitos das lentes (55.8%). No grupo usando há mais de um ano os mais comuns foram permitir exposição a soluções não estereis (28%), não trocar a caixinha (24.4%) e não remover depositos (39%).